CNPGC pede manutenção de vetos em projeto que limita controle de contas públicas

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Brasília, 26/06/2018 – O Conselho Nacional de Procuradores-Gerais de Contas (CNPGC), em conjunto com outras dez entidades representativas do Ministério Público, de Tribunais de Contas e magistrados da justiça do trabalho, manifestaram-se, em nota pública, contra a possível derrubada do veto integral ao Projeto de Lei 7.448/17, cujo efeito altera a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB). A LINDB disciplina a aplicação das normas jurídicas no país. As mudanças seriam contrárias aos modelos de controle da administração pública, à eficiência administrativa e ao erário. As entidades que assinam a nota alertam ainda para a constitucionalidade duvidosa do Projeto.

Os vetos do presidente da República ao Projeto de Lei foram apreciados na tarde de hoje, terça-feira (26/06), no Congresso Nacional e foram mantidos, conforme o desejo das entidades. Se tivessem sidos derrubados, a aplicação da lei de improbidade administrativa, 8429/92, uma das maiores armas no combate a impunidade de agentes públicos e terceiros em conluio, seria fortemente atingida, diminuindo sua força e, consequentemente, mitigando seus efeitos.

Leia abaixo a nota conjunta:

ENTIDADES EMITEM NOTA CONJUNTA PEDINDO MANUTENÇÃO DOS VETOS AO PROJETO Nº 7.448/2017

Projeto que altera LINDB afeta atuação dos Tribunais de Contas, Ministério Público e Judiciário

Preocupadas com os possíveis embaraços que podem decorrer de eventual derrubada dos Vetos ao Projeto do Projeto de Lei nº 7.448, de 2017 (nº 349/2015 no Senado Federal), que alterou a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB), sancionado com veto no dia 26/4/2018, as entidades signatárias da presente Nota Conjunta vêm expor o que se segue com a finalidade de alertar os Congressistas e a sociedade sobre os riscos que os dispositivos vetados representam para a gestão pública.

Nesta terça-feira (26/6), às 11h, o Congresso Nacional apreciará os Vetos 13 a 19 de 2018, além das matérias orçamentárias. Dentre os Vetos mencionados, merece destaque o terceiro item da Pauta, referente ao Veto 15 aposto pelo Presidente da República a dispositivos do Projeto em referência.

As entidades signatárias desta Nota pugnam para que os Congressistas mantenham os Vetos apresentados ao Projeto nº 7448, de 2017 pelos fundamentos jurídicos que embasaram a Mensagem Presidencial nº 212, de 25 de abril de 2018. Os dispositivos, se não fossem vetados, favoreceriam a impunidade de gestores públicos e criariam obstáculos à atuação do Ministério Público e dos 33 Tribunais de Contas do Brasil, inclusive do Tribunal de Contas da União.

Para além de introduzir conceitos imprecisos no ordenamento jurídico brasileiro, criando um quadro de insegurança jurídica – com reflexo em diversos ramos do Direito que não foram sopesados pelos formuladores da proposta, podendo acarretar impactos fiscais e econômicos -, os dispositivos vetados poderiam favorecer a impunidade de agentes que não aplicam o recurso público de acordo com a lei e com a limitação inconstitucional da atuação dos 33 Tribunais de Contas do Brasil, incluindo o Tribunal de Contas da União, e o Ministério Público.

É incontestável o déficit de amplo debate na tramitação do Projeto de Lei em questão, o que levou à aprovação e à lamentável sanção do art. 20, o qual insere o princípio do consequencialismo prático das decisões nas esferas administrativa, de controle e judicial.

Aplicado o referido princípio à área tributária, para restringir a exemplificação do elevado potencial efeito devastador, a medida inovadora pode não apenas representar embaraços para o próprio gestor público, mas, sobretudo, produzir impactos incalculáveis e indesejáveis de ordem tributária, os quais podem gerar resultados – em especial no plano fiscal – inconsistentes com as premissas e os objetivos da política econômica nacional, sem que tais impactos tenham sido prévia e devidamente analisados e amplamente discutidos com os responsáveis pela condução da Política Econômica no âmbito do Poder Executivo da União. Nada foi discutido, ignorando o elevado o grau de judicialização em matéria tributária nas esferas de governo.

Diante de todos os riscos e efeitos práticos apontados, e reiterando os fundamentos apresentados pelo Tribunal de Contas da União e pela Procuradoria-Geral da República em Notas oficiais e durante o Diálogo Público realizado no dia 23/04/2018, as entidades signatárias desta Nota Conjunta pugnam pela MANUTENÇÃO DO VETO Nº 15, notadamente no que diz respeito aos seguintes dispositivos: Art. 23, parágrafo único; Art. 25, §§ 1º, 2º e 3º; Art. 26, § 1º, Inciso II; Art. 26, § 2º; e Art. 28, §§ 1º, 2º e 3º.

Brasília, 25 de junho de 2018.

  1. Associação da Auditoria de Controle Externo do Tribunal de Contas da União AUD-TCU
  2. Associação Nacional do Ministério Público de Contas – AMPCON
  3. Associação Nacional dos Auditores de Controle Externo dos Tribunais de Contas do Brasil – ANTC
  4. Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil – ANFIP
  5. Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho – ANAMATRA
  6. Associação Nacional dos Membros do Ministério Público – CONAMP
  7. Associação Nacional dos Ministros e Conselheiros Substitutos dos Tribunais de Contas – AUDICON
  8. Associação Nacional dos Procuradores da República – ANPR
  9. Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais de Contas – CNPGC
  10. Federação Brasileira de Associações de Fiscais de Tributos Estaduais – FEBRAFITE

Leia a íntegra da nota técnica

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